Ler no papel está com os dias contados?

Ler no papel está com os dias contados?

Recentemente tive uma experiência. Estava para comprar o livro A mortalha de Alzira, de Aloísio Azevedo, quando descobri um PDF gratuito na internet. Então, vamos ler na tela!

Gente, foi difícil.

Começa que a história se passa na Paris de 1756. Tem toda uma ambientação desses tempos, toda uma descrição de fatos e costumes. A medida que vamos lendo, voltamos ao passado, necessariamente.

Eu diria que um livro como esse tem que ser lido quase que obrigatoriamente no papel, revirando página a página.

Devo confessar que tenho grande resistência em ler em meio digital. Claro, leio muito no google, mas coisa rápida, tipo pesquisa de saúde e de assuntos em gerais. Mas quando se trata de deleite de leitura, tem que ser no papel. Coisa de gente velha? Pode ser.

Não saberia dizer ao certo quanto a leitura dos chamados e-books estão crescendo. Mas é uma tendência, sim, sendo um dos motivos o custo mais baixo. O mesmo livro pode custar 70 reais impresso ou 10 reais no digital.

Taí um aspecto muito importante. Muita gente não compra livro simplesmente porque tem outras prioridades financeiras. Se a leitura pode ser barata no digital, que ela aconteça, o importante é ler, fomentar a leitura e a literatura.

Livro é coisa antiga, no melhor sentido da palavra

O livro surgiu no século XV, exatamente em 1440, quando Johann Gutemberg inventou a prensa. Uma revolução à época, ocorrida não por acaso no final da Idade Media, quando também chegava ao fim uma era de muita ignorância. Os livros, agora impressos, ficaram mais baratos e mais acessíveis e deu grande impulso à educação. Desde então, o livro vem demonstrando sua força na difusão de ideias, na literatura e tantas outras.

A cultura audiovisual como o cinema e a televisão, no século passado, não tirou a força do livro. Veio a internet, caíram por terra o LP, a fita cassete, o disquete, o CD e o DVD (gente, esses últimos tão recentes!), mas o livro continuou firme e forte ocupando o seu posto.

Veio a era dos livros digitais, mas acho pouco provável que o livro físico desapareça. Ou seja, o digital, embora muito bem-vindo, não substitui o papel. Tem a hora de ver TV e tem a hora de escutar rádio. Um leitor pode ter as duas opções também.

O livro é uma experiência sensorial. Os dedos sentem a textura do papel, viram as páginas uma a uma, e tem o cheiro, ah, o famoso cheiro de livro, que pode ser novo ou velho, não importa. Depois tem um ritual da visita à livraria, o abrir, folhear, trazer para casa, colocar na estante…sem falar nas bibliotecas. Difícil abrir mão de tudo isso.

Não tem que ser uma dicotomia, não deve ser uma escolha como partido politico

A questão papel versus digital é tao importante que existem estudos sobre o assunto. De acordo com um, feito na Universidade de Valência, na Espanha, existiria uma certa “superioridade do papel” na compreensão do que é lido. É como se o fato do livro ser impresso aumentassem o processamento cognitivo, o que é muito importante sobretudo para as crianças.

Enfim, como toda sabedoria está no caminho do meio, o ideal é que os dois formatos coexistam, sem brigas, sem que um elimine o outro. Eu diria até que pessoas como eu, adeptas do papel, devem se abrir para o digital e vice-versa.

Não tem que ser um dicotomia, não deve ser uma escolha como partido politico. Cada um no seu tempo e no seu lugar, na sua hora própria, já que cada um oferece suas vantagens, a saber:

Eletrônicos:

Permite pesquisa enquanto se lê de significado de palavras etc.

Pode ser lido sem ligar luz, sem incomodar os outros

Permite uma gama maior de livros disponíveis para ler, uma quantidade praticamente infinita.

No papel:

Pode ser dado de presente

Não depende de tomadas nem fios

Permite anotações

É mais prazeroso, mais intimista e mexe mais com os nossos sentidos.

Você, o que acha? Papel ou digital? Deixe sua opinião.



Texto: June Meireles

Imagem: Capucine por Pixabay

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